5.6.11

Pelourinho - PELOURINHO PRECISA DO RECEPTIVO

PELOURINHO PRECISA DO TURISMO RECEPTIVO, E VICE VERSA!

José QUEIROZ, guia, agente de viagem do receptivo de Salvador, estudante de Direito, e estudioso do turismo interno do Brasil, do blog turismoreceptivo.wordpress.com

Chegou a hora do Pelourinho e do turismo receptivo de Salvador, e do Brasil, mostrarem seus valores! Deixar claro que eles são vitais para a indústria turística do país que os manipulam, assim como a outros símbolos e segmentos do turismo, como se eles não tivessem necessidades nem importância para a geração de impostos que sustentam a máquina do governo, governantes e partidos, financiam investimentos e enriquecem empreendedores, que os exploram até a exaustão. O Pelourinho e o país estão exaustos! E só o turismo receptivo poderá ajudá-los.

“O pensamento do palácio é uma coisa, e o da praça é outra”, era um ditado popular no Renascimento - mas atualíssimo! - que demonstra que o povo não é tão alienado como governantes e empresários tendem a pensar. O Pelourinho e o receptivo não querem brigar simplesmente, tumultuar, tirar ninguém do lugar que está, nem tirar nada de ninguém. Quer o que tem direito: representação política, administração, recursos para manutenção, segurança, ações para captação de negócios, fiscalização e respeito! E isto - está claro pela situação atual - não vem sendo feito, o que evidencia a forma equivocada, ou tendenciosa, de como se governa e se faz turismo no Brasil.

A academia do turismo do país está dividida, e tem prevalecido a força e a orientação da parte que explora o turismo apenas como atividade econômica e desconsidera a filosofia, a economia e a sociologia do turismo. Em nome do neoliberalismo econômico, ignoram Locke, Montesquieu e Adam Smith que deram a base da Constituição dos Estados Unidos que enriqueceu, é invejado, e copiado por eles mesmo, mas apenas em parte. No século XIX, depois de vários inventos maravilhosos, o homem se deu conta de que precisaria de planejamento racional para aplicar e administrar as invenções, ou seja, precisaria do trabalho do homem (Costa, Cristina 1997). É justamente o que não vem sendo feito no turismo do Brasil, prejudicando lugares como o Pelourinho e a sociedade de modo geral.

O perfil cada vez pior do político brasileiro e a falta de formação, conhecimentos e profissionais do turismo no governo, o deixa a mercê desse pensamento que dificulta a profissionalização, a organização e o desenvolvimento do turismo interno, assim como o governo tem ignorado que a instituição representa os interesses dos diversos grupos da sociedade, os quais devem ser garantidos pelos três poderes. O turismo interno do Brasil é acéfalo! Está nas mãos da EMBRATUR que o administra com as operadoras, cujo foco é vender viagens, negligenciando os atrativos, a infra-estrutura, os profissionais e a sociedade. Pagam muito pouco ao receptivo que é obrigado a contratar gente desqualificada para honrar os compromissos, desobedecendo a leis.

A falta de atenção para esse setor, de representatividade e de informações, contribuiu para esse quadro do Pelourinho; para o abandono de Itaparica, que é um dos símbolos da Bahia, pelas obras de Jorge Amado e João Ubaldo Ribeiro; de Mangue Seco, que serve mais a Sergipe do que a Bahia, completamente esquecida pelos poderes públicos, sem assistência médica, salva-vidas, coleta e tratamento de lixo; Itacaré, e muitos outros. Poderíamos fazer uma lista enorme de lugares desse país com potencial turístico, mas sem condições de explorá-lo. As populações desses lugares continuam com muita carência – em Mangue Seco não tem escola a partir da 5ª série e as mulheres, não raro, tem seus filhos em casa – no entanto o governo federal anda dizendo que tirou 30 milhões de pessoas da miséria. Mas só na propaganda!

As cidades turísticas como Salvador e Rio de Janeiro, e quase todas as demais, não tem secretaria de turismo, ou seja, não tem representação dos interesses e necessidades do atrativo (entenda-se monumento, centro ou cidade turística), do conjunto do receptivo, e da sociedade, que também tem interesses por causa dos negócios montados em função do turismo, e dos seus membros que trabalham nisso. O conjunto do receptivo não tem instituições de classe que acione o Estado, através da secretaria de turismo, em defesa dos interesses comuns. Não há uma associação nacional de turismo receptivo, que seria responsável pelo atrativo, pela formação de mão de obra, pelos cuidados com os monumentos e pela captação de negócios, e o país não regulamenta a profissão de turismólogo que poderiam administrar cientificamente o turismo interno, garantindo o êxito da atividade e de investimentos. E insiste em gastar milhões com treinamentos curtos constantes, que não funcionam.

A academia que não vê isto alega que os turismólogos querem reserva de mercado, e não é verdade. Eles é que querem o mercado só para eles! O mundo inteiro sabe que o turismo é a mais nova fonte de enriquecimento rápido e fácil do capitalismo, por isto esta manipulação para acumular lucros através dos resorts e cruzeiros, dificultando o acesso do receptivo à profissionalização, organização, representação e ganhos compatíveis, e pior, afastando os turistas dos centros tradicionais como Salvador e outros, afetando a economia desses lugares. A manipulação começa pela própria formação superior de turismo no Brasil, que é uma miscelânea de cursos desorganizada que prejudica o desenvolvimento equilibrado da atividade. Teria que ser como Direito e Medicina: um tronco, Turismo, e os ramos, Hotelaria, Eventos, Guias, Logística, Publicidade, etc. Do jeito que está todo mundo entende de vendas, menos de turistas e da responsabilidade social do turismo.

Por isto eu, José QUEIROZ, da Balangandan Turismo, e diretores de agências do turismo receptivo de Salvador, como José Iglesias, da Tours Bahia, Beto Dias, da Bahia Adventure, Eduardo Alves, da TCH, Armando Durán, da LR Turismo, Christian Bowes, da Olímpia, Domingos, da Bahia Ticket, Armando, da Lar Turismo, entre outros, concordamos que é preciso uma reformulação do turismo interno, com a criação de instituições sólidas que garantam independência, responsabilidade e sustentabilidade do receptivo e dos atrativos, para evitar a exploração pura e simples, prejuízos e desrespeito como o do Pelourinho, um dos principais símbolos do turismo do Brasil. E ainda a necessidade de gestão compartilhada entre a cadeia produtiva e o governo, que é eleito para atender as necessidades do povo e dos lugares, não de partidos.

Os mesmos empresários convidam os diretores de agências do turismo receptivo de Salvador, hoteleiros, transportadores, cooperativas, faculdades, turismólogos, Singtur, guias, Sindetur, representantes do turismo náutico, restaurantes, lojas, Mercado Modelo, e outros, para se juntar à Acopelô – Associação dos Comerciantes do Pelourinho – na Audiência Pública, no próximo dia 10/06, às 10hs. Vai ser cobrada a recuperação imediata do Pelourinho, e dado o “ponta pé” inicial para uma discussão que resultará positiva para o turismo, independente da Copa do Mundo e da Olimpíada, pois estes eventos só acontecerão daqui a três ou cinco anos, durarão apenas um mês, e eles não podem continuar sendo o motivo principal de tantos gastos que não trarão benefícios para todo o Brasil, apenas para alguns privilegiados.  

Turismo é uma atividade para pessoas bem formadas, informadas e bem intencionadas! Mentiras, ganância e malandragem não têm espaço. E o Brasil tem perdido turistas pela forma como faz turismo e pela imagem do governo do país. O mundo sabe ler, inclusive propaganda enganosa! Salvador e os demais centros turísticos precisam de secretarias ocupadas por profissionais que conheçam a indústria e saibam interagir com os demais órgãos. Entre outras coisas, estão sendo desrespeitados os símbolos e a memória de pessoas que lutaram para construir este país, que o divulgaram, e que atraíram o turista. O Pelourinho é berço, palco e abrigo da história do Brasil, por aqui passaram gigantes que ensinaram, deram exemplo e lutaram contra dominação e exploração de todo tipo.

Ruy Barbosa observou e comentou algo parecido na sua época, alertando-nos para a necessidade de cuidar do que é nosso: “De tanto ver triunfar as nulidades; de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto.”

E Gregório de Matos, o Boca do Inferno, continua atento:

Que falta nesta cidade?...Verdade!

Que mais, por sua desonra?....Honra!

Falta mais que se lhe ponha....Vergonha!


RESPEITEM O PELOURINHO! RESPEITEM A BAHIA! RESPEITEM O BRASIL!

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