17.6.11

PELOURINHO - SALVADOR - BAHIA - BRASIL

Salvador, querida, sinto muito!

Sinto muito por você ter caído nos braços de quem não te ama, por ter ido parar em mãos que não tem sensibilidade para te tratar como você merece. Logo você, que viveu tantas e intensas histórias de amor, que foi amada integral, incondicional e desinteressadamente, logo você que não é qualquer uma, que foi o primeiro abrigo, a primeira fonte, o primeiro palco e o primeiro refugio dos primeiros que chegaram, e se apaixonaram, e tanto fizeram para você existir. É cruel ver você maltratada, rejeitada e triste!

E não se ouve vozes porque o volume e o efeito das desculpas, das calúnias e das mentiras é muito grande, e a maioria está seduzida, possuída mesmo!, pelas novas divindades, Mídia, deusa e devoradora de consciências, e Consumo, deus e devorador de tempo. Não há mais tempo para ser, e sim para ter. Consumo não deixa tempo para contemplar, para prosear, para praticar o bem comum, para viver, e Mídia nos convenceu a viver para dar vida a outros, que não nos querem, só querem algo de nós. O amor foi reinventado, virou comércio, tem um manual, temos que saber fazer caras e bocas, e o acesso é privilégio de privilegiados, tem que ter a senha de 8 letras, D I N H E I R O, ou a de 6 letras B E L E Z A.

Talvez sua história, sua tradição e as possibilidades sejam redescobertas e transformadas em moeda, afinal estamos numa época de invenções e reinvenções. Isto seguramente te trará amoRe$, que vão te vender!, mas que vão te dar algo por conta. Mas, quem sabe, antes, Todos os Santos, Todos os Orixás, Todos os Deuses, não nos dêem o motivo, a unidade, e a voz para mudar?

José Queiroz

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