29.5.11

Pelourinho - MAQUIAVELISMO OBSOLETO E NOCIVO AO TURISMO

 LUIZ TRIGO, MAQUIAVELISMO OBSOLETO E NOCIVO AO TURISMO
                                                                                                                                            José QUEIROZ

“Não podemos nos prender ao lodo estéril das ideologias mortas e nem nos tumores malignos dos tribalismos excludentes”. Assim terminou o desrespeitoso, contraditório e alienado artigo ‘Regulamentação profissional em turismo, um erro histórico’, escrito por Luiz Trigo, professor da USP, e publicado no intitulado site da hotelaria HÔTELIER NEWS, no dia 24/05/2011, uma das publicações restritas ao seleto grupo do exportativo do Brasil, que ignora a sociedade, as transformações naturais do turismo, os riscos para seus investimentos e as vantagens do que o prof. Luiz Trigo considera ‘regulamentaçãozinha’, no negócio classificado por ele de “caótico e mutável”.

Por quase mil anos, no período que chamamos de Idade Média, o saber esteve confinado nas igrejas, que ainda assim não pôde evitar os avanços tecnológicos que desenvolveram o comércio e levaram o homem a outros continentes, a fazer contato com outras culturas, o que resultou no Renascimento. Aliás, o mesmo tinha acontecido com os gregos em relação aos povos mais antigos, quando eles deixaram de acreditar que tudo era obra de Deus, e passaram a assumir o controle de suas vidas, como vem fazendo o homem desde o século XV. Hoje temos a internet e as redes sociais, o canal de todos, que o prof. Luiz Trigo tenta reduzir a reduto de iletrados e questiona o incentivo de quem é de fora, esquecendo que o turismo é interesse da sociedade.

O debate, as disputas e o conflito são naturais na evolução da sociedade humana. Daí sai idéias novas, leis e o aprimoramento das relações e das atividades humanas, é legítimo, e deve ser feito com respeito pelo outro, salvo momentos incontroláveis. Esta é uma parte dos ensinamentos de Maquiavel, que lamentavelmente não foi superado nas suas lições de como exercer e usufruir do poder, manipular as pessoas, recompensar os bajuladores, e destruir a memória dos líderes. Como diz o professor, turismo é um setor para pessoas informadas, preparadas, com amplos conhecimentos, e ele, alienadamente, não sabe que o Brasil as tem, e muitas!

O professor Luiz Trigo usou adjetivos lamentáveis, insultuosos, inadmissíveis para quem se auto intitula conhecedor das normas cultas, e suspeitos quanto às suas intenções. Um verdadeiro mau exemplo para quem está formando consciências na USP! Além de contraditório, no que diz respeito à necessidade ou não de profissionalização e quando diz que “precisamos de teorias e práticas inovadoras”, demonstrou alienação, por não conhecer o perfil dos profissionais que atuam e que querem aprimorar o turismo interno, e foi esnobe ao enumerar livros, necessidade de saber, e títulos inúteis à nossa realidade. Na prática o turismo interno do Brasil está agonizando, e o Prof. Luiz Trigo não tem as soluções que o governo brasileiro está buscando pelo país, porque conhece apenas um setor, vendas.

Nisto o Brasil está cheio de especialistas! Mas que ainda não se deram conta de que o produto que vendem não é puramente físico, já que a matéria prima do turismo é o homem, seus sonhos, que paga, tem expectativas, tem direitos, vê, ouve, sente, gosta ou não gosta, que quer sua expectativa correspondida. E a transação comercial do turismo não se resume a venda, já que o profissional que recebe o turista e o destino visitado precisam estar bem, está à altura do nível sócio cultural do turista, para que a venda se concretize. É isto que as pessoas querem dizer, que os principais atrativos estão sendo esvaziados por falta de profissionais, atentos, que elaborem políticas, que atendam bem, que sustentem a atividade e beneficiem a sociedade.

O exportativo é um negócio milionário, há empresas que faturam mais de R$ 100 mil POR DIA! Não há problema nisso, mas os negócios dessas operadoras estão sujeitos a leis e expostos a riscos, em função das mudanças do turismo nos últimos anos. O turismo não funciona plenamente com os segmentos desconectados como estão, com cada profissional preocupado consigo mesmo. Se ele faz bem a parte dele não se importa com os outros, mas o turista compra o conjunto e a tendência é responsabilizar quem vendeu. Tem muita operadora respondendo ações em tribunais, inclusive internacionais, mas pessoas como o professor continuam acreditando que o exportativo não tem responsabilidade com os atrativos e com o receptivo.

O prof. Luiz Trigo, e outros, acreditam que o turismo é um conjunto de atividades que funcionam separadamente, mas, contraditoriamente, alegam que os profissionais têm que ter conhecimentos para conectá-las aos interesses do turista. E quais são esses interesses? Seguramente não é apenas comprar. O turista viaja motivado por símbolos, concretos e abstratos, precisa de pessoas que os conheçam, que saiba satisfazer sua curiosidade, que seja companhia agradável e profissional por um, dois, ou mais dias, que sejam éticos e responsáveis pelo atrativo, pelo turismo e pela sociedade. Este é o ponto de conexão das diversas atividades do turismo com o turista, o profissional, o turismólogo, o guia de turismo, o recepcionista de hotel.

E mais respeito pelos profissionais do turismo interno do Brasil, professor Luiz Trigo! São milhares de pessoas que tem dedicado suas vidas para fazer funcionar o exportativo também, e que geram empregos, renda e benefícios para a sociedade brasileira.  Sua preocupação e a de outros está no fato de que profissionais conscientes não permitirão a exploração e o abandono dos atrativos, a criação de outros produtos para burlar as legislações que, aliás, só reforça nossa fama de malandros e inaptos, e não aceitarão viver na informalidade, a pão e água, para servi-los.

E atenção, o primeiro atrativo destruído por essa mentalidade e por essa política equivocada foi Salvador, que terá uma audiência pública no próximo dia 10/06, no Pelourinho, e uma manifestação gigantesca, que vai repercutir internacionalmente, deixando mais evidente a exploração que se faz do turismo interno do Brasil. Mude sua postura! Se o turista estrangeiro não está vindo é por saber de tudo isto, e o brasileiro quer usufruir do seu país também, não vai passar o resto da vida viajando para fora ou confinado em resorts e cruzeiros. A moda passa.

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