20.6.11

RUÍNAS DO PELOURINHO SUSTENTAM POLÍTICOS INESCRUPULOSOS

Este artigo recebeu um pequeno acréscimo que incluiu os interesses dos artistas e detalhou melhor as necessidades do Pelourinho



Revoltante! Muita ”rasgação de seda”, cinismo e indiferença total e desrespeitosa aos interesses de moradores, comerciantes, artistas e profissionais de turismo envolvidos com o Centro Histórico de Salvador, mesmo eles ajudando a sustentar governantes e funcionários públicos dos três poderes. Essa foi a sensação de todos que estiveram presentes à sessão especial da Câmara de Vereadores no dia 16/06/2011, inclusive membros do governo que estavam presentes, de vários escalões, inconformados com o que escutavam. A prova está no discurso gravado e filmado pela Ascom, a assessoria de comunicação da Câmara de Salvador, à disposição do povo.

Uma sessão onde se viu e escutou tudo que o povo não quer na administração pública: desculpas esfarrapadas, explicações inventadas para gastos que não deram resultados, manipulação das informações, promessas de mais despesas desnecessárias, uso eleitoreiro da função e do dinheiro público, e nada de concreto! Com exceção do discurso lúcido, coerente e alinhado com as necessidades da cidade, do secretário de Defesa Civil do município Osni Bonfim, assim como dos membros das Polícias Civil e Militar que não interferem no jogo político. E do inesperado, maravilhoso, contundente, esperançoso, e promissor pronunciamento da vereadora Aladilce Souza, do PC do B, que disse tudo que o cidadão comum queria dizer, arrancando máscaras e constrangendo visivelmente a mesa. Salvador precisa ficar atenta, pedir, e dar apoio a esta vereadora que, certamente, contraria o que se pensa sobre governo e oposição.

É isso aí! Governo e oposição estão fazendo do Pelourinho uma máquina de arrecadar dinheiro e voto! Não há oposição mais em Salvador! Todos estão de acordo com a exploração do Centro Histórico. Em governos anteriores havia uma feroz oposição vigilante que “cuidava dos interesses do povo e da cidade”! Hoje estão todos no governo de Salvador, do estado e no governo federal, mas o Centro de Salvador é o pior do Brasil, decidiram acabar com o lazer da população na praia, tirando as barracas - e não dão nem satisfação! – arruinaram o turismo em Salvador, comprometeram a economia e a situação social do município, a cidade é uma das mais violentas do país, além da necessidade de outras intervenções urgentes. O quadro é preocupante.

A julgar pelas performances – vejam vídeo - do vereador Geraldo Junior, vice líder da prefeitura na Câmara, de Claudio Silva, superintendente da Sucom, e de Claudio Tinoco, presidente da Saltur, estes dois últimos indicados, nada será feito, a cidade está uma maravilha, a prefeitura trabalha como nunca, e o povo está chorando de barriga cheia. São as “viúvas de ACM”, como o governo atual costuma referir-se ao povo do Pelourinho! Contraditoriamente Claudio Tinoco perguntou “o que falta, se temos dinheiro, pessoal e vontade política?”. Nós sabemos, mas o Deputado Capitão Tadeu está neste momento perguntando na Europa, conforme informou o vereador Geraldo Junior, atestando a “nossa” incapacidade de resolver problemas e gastando dinheiro público.

O Pelourinho arruinado como está, assim como outros lugares e setores da sociedade brasileira, justificam viagens de estudos, conhecimentos e troca de experiências, grupos de estudos aqui, seminários, workshops, reuniões, elaboração de projetos, discussão de projetos, cursos de capacitação, treinamentos, ong’s, associações, comissões, escritórios, novas secretarias, audiências, virou um negócio! Uma indústria, em paralelo à das festas! Todas as decisões, postos estratégicos, e benefícios pertencem apenas ao governo, o cidadão é mero expectador e servidor! Os salários deles estão cada vez mais alto, eles inventam mais instituições para acomodar os protegidos, o país está cada vez mais endividado, e a sociedade está cada vez mais degragada física e moralmente, por causa dos maus exemplos que vem daí.

O Brasil precisa conhecer e discutir a indústria do financiamento de estudos e projetos com dinheiro público, capitaneada pelo BNDES, que dispõe de R$ 200 bilhões anualmente para isto, e o FINEP – Financiadora de Estudos e Projetos – órgão do Ministério da Ciência e Tecnologia, cujo fundo provém do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, ou de “subsídios generosos do Tesouro Nacional”, segundo seu presidente Glauco Arbix, que dispõe de R$ 5 bilhões para este ano, e quer transformá-la num banco, com orçamento de R$ 40 bilhões. Detalhe, muito desse dinheiro é repassado e considerado não reembolsável, e raramente vai para pequenas empresas, pois o negócio do crédito no Brasil exige R$ 3,00 de garantia para cada R$ 1 emprestado.

A desinformação ou inércia da sociedade brasileira dá segurança e incentivo aos políticos para ações como a que acabou de ser feita em nome da Copa e da Olimpíada, pois a Lei das Licitações Públicas foi “driblada” e aprovaram um Regime Diferenciado de Contratações, a três anos ainda da Copa e cinco da Olimpíada. Adivinhem quem será beneficiado? Será este o destino do Pelourinho, driblar as leis que protegem o Patrimônio da Humanidade? Dinheiro é que não falta, da UNESCO, do BIRD, do governo federal, dos muitos impostos cobrados, e do exorbitante IPTU cobrado aí, em média R$ 800, 00 por piso, não é por prédio, é por piso. Mas a degradação social do lugar afastou baianos e turistas, gerando a inadimplência, afetando o orçamento da prefeitura e os investimentos em outras necessidades. Apesar disso, da incompetência, e da corrupção, o político não deixa de receber seus salários, enquanto uma boa parte da população de Salvador que depende do turismo, lazer e comércio, que são as principais atividades do município, está desesperada, sem ter a quem reclamar.

O QUE O PELOURINHO PRECISA, ESTÁ PEDINDO E TEM DIREITO?

- CUMPRIMENTO DA OBRIGAÇÃO, e agora ordem judicial, de fechar os casarões abandonados para evitar invasões, mortes e proliferação de problemas sociais, como a presença de menores abandonados em idade de risco, mendigos, doentes, mutilados, loucos e dependentes químicos, que assediam pedindo a ajuda que o governo não dá, além de constranger, repugnar, e assustar;

   - REFORÇO DO POLICIAMENTO, e apoio para as Polícias Civil e Militar – a Polícia Militar não tem instalação própria e adequada – e precisa manter o combate ao tráfico e a delinqüência, assim como dar tranqüilidade à quem vai passear no Pelourinho. A insegurança já repercutiu nacional e internacionalmente,  como o problema social do Centro da cidade, comprometendo nossa imagem e a do turismo;

- REFORMA DOS CASARÕES - aplicação imediata do Plano de Reabilitação Participativo, conclusão da 7ª etapa do projeto anterior que teve o dinheiro liberado e não foi concluído, assim como a reforma da Rocinha. Para isso pede o apoio da sociedade e de outras instituições. Os casarões tombados pela UNESCO testemunham nossa história, atrai o turista e fomenta a economia da cidade, mas  estão desaparecendo por conta dessa situação. Nos últimos cinco anos perdemos muitos, e vários estão comprometidos irremediavelmente;

- ATENÇÃO AO TURISMO! No Brasil ainda não se conhece devidamente esta indústria, que é administrada apenas como um negócio, cada setor faz o que quer. Não há um órgão que centralize o conhecimento, os interesses, a responsabilidade social e cultural da atividade, as ações, e que cobre dos outros órgãos, que fiscalize, que cuide, e traga benefícios para toda a cidade. Essa seria a função da SALTUR, que não a exerce e assistiu de braços cruzados a decadência do turismo no município, iludindo a opinião pública com dados e propaganda que não correspondem a realidade. Sabe que o Pelourinho capta dinheiro, mas não defende seus interesses.  Qualquer sacizeiro do Pelourinho, ou vendedor de picolé de Piatã, sabe que o turismo está agonizando em Salvador por causa do Pelourinho, que é a âncora da região, e que sustenta uma boa parte do município! Pobre Salvador, quem te viu, e quem te vê!

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