9.6.11

PELOURINHO QUER O PLANO DE REABILITAÇÃO PARTICIPATIVO, JÁ!

PELOURINHO QUER O PLANO DE REABILITAÇÃO PARTICIPATIVO, JÁ!

José QUEIROZ, guia e estudioso do turismo interno do Brasil, do blog turismoreceptivo.wordpress.com, assessor da ACOPELÔ

Sem politicagem! Com “colaboração eficiente e não competitiva entre as esferas municipal, estadual e federal”, conforme garantiu o governador Jaques Wagner, no livro CENTRO ANTIGO DE SALVADOR – Plano de Reabilitação Participativo, publicado depois de dois anos de estudos que custaram quatro milhões, entre 2008 e 2009, e deu origem a novos órgãos como o ERCAS – Escritório de Referência do CENTRO ANTIGO de Salvador – para administrar a elaboração do plano, e conduzir ações emergenciais em paralelo, que resultaram em parcerias no valor de R$ 36,894 milhões (28 dos quais para melhorar acessibilidade, sinalização e infra-estrutura) em 2008, segundo dados anotados no citado livro. O ERCAS tem 13 funcionários.

Nessa época havia um projeto de restauração em andamento desde 1992, mas, segundo especialistas, havia falhas, principalmente porque não cobria a área que cobre o plano atual, do Campo Grande a Calçada. É compreensível e louvável a preocupação! Mas também questionava a sustentabilidade e o plano não foi colocado em prática, e agora a situação do Pelourinho é insustentável. A participação da Unesco nesse processo também é questionável, pois ela havia aprovado e participava do projeto anterior, entretanto admitiu falhas, parou, gastou mais dinheiro público com o novo plano, e não cobra cuidados com o lugar que é Patrimônio da Humanidade.

O que a Prefeitura de Salvador e o Governo do Estado pretendem para o Pelourinho? Um dos mais importantes centros históricos do mundo, morada de negociantes que geraram uma parte considerável da riqueza do mundo atual, com monumentos famosos mundialmente, que tem tudo a ver com a formação do capitalismo – não é a toa que o Brasil está entre os 20 principais destinos culturais do mundo e grandes personalidades de todos os tempos fizeram questão de visitá-lo – mas que está completamente desassistido e degradado física e socialmente, além de comprometer o lazer do baiano e uma das mais importantes atividades econômicas de Salvador, o turismo, já que o Pelourinho é a âncora da região.

A finalidade natural dos centros históricos é a educação, o enriquecimento cultural e o turismo cultural, e todos os negócios funcionam em torno disso, sendo que o turismo é o mais volumoso. Sem turismo, como está o Pelourinho, não tem negócios, quebra a cadeia. Sem representatividade, sem um órgão e um profissional atento às necessidades de uns e interesses de outros, que fiscalize e cobre procedimentos de toda a cadeia, que escute e represente o atrativo, que o promova, não funciona. Pelourinho é a primeira vítima apenas da forma desequilibrada como se faz turismo no Brasil! Mas está em tempo de recuperá-lo, instalar uma secretaria de turismo ocupada por um técnico que conheça a atividade, que saiba interagir com todos os segmentos, que o promova, que faça uma boa Copa das Confederações e Copa do Mundo, mas que, principalmente, o organize para sempre.

O Centro de Salvador está um autêntico lixão! Em todos os sentidos, escombros, indigência, droga e violência, administração relapsa. A sociedade baiana precisa participar deste momento! Não apenas por causa do turismo ou dos eventos, e sim porque se trata do centro da cidade, do local que tem tudo a ver com a formação de todos e vai continuar ajudando na formação de outros, e por onde passaram grandes personagens que deram a vida para formar este país. Onde está a elite pensante, os herdeiros do Pelourinho, a comunidade acadêmica, os artistas que bebem nessa fonte, a igreja? O Brasil é pioneiro em várias áreas onde o talento e a ciência atuou, mas no caso do turismo o dinheiro e a política de marqueteiros ainda o dominam.

“Turismo não é profissão”, dizem os que exploram o turismo receptivo do Brasil, por isto não há representação política em alguns municípios, nem instituições de classe como uma associação das agências de receptivo, ou de turismólogos, estes nem foram regulamentados ainda. Apenas o guia de turismo é profissional no Brasil. É assim que está o turismo do país, uma entidade abstrata, acéfala, onde cada pessoa ou instituição explora um segmento, operadora, agência, hotel, eventos, gastronomia, publicidade, guias, e ninguém se preocupa com o turismo propriamente dito. Na hora de conectar tudo isto com os interesses e expectativas do turista e da sociedade, faltam profissionais. Não há um conselho federal no Brasil, as empresas e profissionais são registrados no Conselho Federal de Administração, uma parte ínfima do turismo.

O Pelourinho tem necessidades imediatas e quer a aplicação do Plano de Reabilitação, integralmente. No livro CENTRO ANTIGO DE SALVADOR – Plano de Reabilitação Participativo, constam as Ações Prioritárias, pág 26, que são: revisão da iluminação pública e de monumentos; reforço na segurança da área; melhoria da limpeza pública; valorização da cultura local, qualificação de atendimento; e eficácia na comunicação. A ACOPELÔ – Associação dos Comerciantes do Pelourinho – constituiu uma comissão para acompanhar este processo até o final, além de contratar um escritório de advocacia e uma assessoria de imprensa.

A Subcomissão dos Direitos Humanos da Assembléia foi acionada pela ACOPELÔ e convocou uma Audiência Pública para amanhã, dia 10/06, às 10hs, no Museu Eugênio Teixeira Leal, e está recebendo apoio de agências do trade local, turismólogos, guias de turismo e de associações de moradores dos bairros do entorno do Pelourinho, principalmente da Baixa dos Sapateiros, uma tradicionalíssima e famosa rua, entretanto uma das mais comprometidas.

O Pelourinho não pode esperar a próxima eleição! É uma questão de sobrevivência, pois a insegurança das ruas e a falta de tranqüilidade para estar no lugar afastaram baianos e turistas, quebrando toda a cadeia do turismo de Salvador, que depende do Pelourinho, entretanto continua pagando impostos que ajudam a pagar salários de funcionários públicos e tem sido utilizado em investimentos em outros lugares. BASTA!

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