11.6.11

AUDIÊNCIA PÚBLICA DESTACA EXPLORAÇÃO POLÍTICA DO PELOURINHO

José QUEIROZ, guia e estudioso do turismo interno do Brasil, assessor de imprensa da ACOPELÔ

Irresponsável, sem conhecimento ou respeito pela história do povo e do país, sem noção da abrangência sócio cultural do turismo, demagoga e eleitoreira! E o mesmo discurso anticarlista de sempre! Há cinco anos que governo e prefeitura acusam o governo anterior de ter mudado o perfil comercial e étnico do Centro Histórico, garantindo que vai disponibilizar residências para manter os moradores do lugar http://www.monumenta.gov.br/site/?p=53. Nada foi feito, essa região da 7ª etapa é a nossa cracolândia, muitos moradores perderam a fonte de renda que tinham, que era o turismo, e só piorou a situação do Pelourinho, agora chamado CENTRO ANTIGO.  

A reforma que estava em andamento parou! Absurdamente parou, e a nova já foi até premiada, mas só o livro CENTRO ANTIGO DE SALVADOR – Plano de Reabilitação Participativo http://www.centroantigo.ba.gov.br/. O projeto que estava em andamento, com participação da UNESCO, de alto custo, que envolvia dinheiro emprestado, financiamentos, empresas, trabalhadores, contratos que foram quebrados e indenizados com dinheiro público, além da sobrevivência da indústria do turismo, parou. Quem é o responsável por isto? A senadora Lídice da Mata enfatizou na audiência que “devemos desenvolver ações integradas dos governos municipal, estadual e federal”, mas, quem integra essas ações? É exatamente essa integração, a administração do interesse coletivo, e a fiscalização, que tem sido a desgraça do Pelourinho, de Salvador e do turismo. E não só em Salvador, em todo o Brasil.

O motivo da audiência foi a segurança! A bem da verdade nós temos as Polícias Militar, Civil, e agora a Guarda Municipal, completamente integradas ao turismo, com figuras conhecidas e competentes, como o simpático e disciplinador Coronel Nascimento, e a tão bonita como eficiente, Dra Marita, da Deltur – Delegacia de Proteção ao Turista – mas que esbarram nas limitações das legislações - agora mais brandas ainda no que diz respeito a prisão em flagrante - congestionamento e morosidade do Judiciário, ausência de instalações e tratamento adequado para menores infratores e dependentes químicos, superlotação do sistema penitenciário, e completa omissão dos serviços de assistência social do Município e do Estado no atendimento a menores em idade de risco, mendigos, doentes, loucos e dependentes químicos. O quadro social do Centro de Salvador e a ruína das construções antigas, focos de marginais, tráfico e doenças, arruinaram a indústria do Turismo.

O Museu Eugênio Teixeira Leal ficou lotado! As pessoas foram discutir a insegurança que afetou seus negócios, suas contas e sua sobrevivência, e que apesar da situação pagam seus muitos e caros impostos, que ajudam a construir resorts no Litoral Norte.  Todas as pessoas que estão no Centro Histórico dependem do turismo, assim como uma boa parte da população de Salvador, já que esta é uma das principais atividades econômicas do município, e do mundo atualmente, mas o estamos desperdiçando. Tem mais de 60 instituições representando tudo no Pelourinho, menos o turismo.

A Saltur, que substituiu a EMTURSA, não é uma secretaria política, não se envolve com todos os segmentos do turismo local, não conhece suas necessidades, benefícios e responsabilidade social. Não funciona, a não ser no Carnaval! Mas recebe dos cofres públicos todo mês! O governo atual ignorou a Saltur, criou a ERCAS – Escritório de Referência do CENTRO ANTIGO de Salvador – que pertence a Secretaria de Cultura, não do Turismo, e que também não cobre estas necessidades, mas recebe dos cofres públicos todo mês. O Pelourinho e Salvador precisam realmente de ação integrada e urgente! E de uma SECRETARIA DE TURISMO, o único órgão que conhece turismo, pode integrar estas ações e pode administrar os interesses da indústria turística, instalada aí dentro, de olho no turismo, ocupada por um técnico com turismo na veia, não um político, como estão todos os órgãos estratégicos deste país, que mal administrados como são, nos mantém pobres socialmente, e com a imagem negativa.

A Prefeitura não apareceu na Audiência Pública! Nenhuma secretaria! Nenhum representante do prefeito, o que demonstra o desinteresse e o desdém pela região, aliás, que está claro no próprio discurso repetitivo de todos – e que só eles acreditam! – pois não é o do povo de Salvador. Compareceu o Comandante da Guarda Municipal, e esteve presente um vereador, que apesar da boa vontade dos dois, não respondiam as inquietações do bairro. A ACOPELÔ – Associação dos Comerciantes do Pelourinho - cobrou a execução do novo plano que está pronto há dois anos, e medidas emergenciais para atrair o baiano e o turista ao Pelourinho, tais como:

- cumprimento da obrigação de isolar e vigiar os casarões abandonados, para evitar novas invasões, e identificar e dar assistência às pessoas que vivem aí;

- ações de assistência social em todo o bairro, que complica a segurança, e tira a tranqüilidade das pessoas que querem passear;

- reforço da segurança, iluminação e limpeza;

- facilitar o acesso e o estacionamento para baianos e turistas;

- ações de capacitação e aprimoramento do atendimento ao visitante;

Foi constituída uma Comissão de Acompanhamento, um advogado para executar as ações, no Ministério Público, por exemplo, e uma assessoria de imprensa para informar à sociedade baiana, brasileira e internacional o que acontece no Pelourinho. Estamos sob ameaça de perder o título de Patrimônio da Humanidade! Turismo exige sociedades organizadas, limpas, seguras e gente sincera, culta, inteligente, honesta e profissional. Do jeito que está o Centro Histórico também corremos o risco de perder as Copas das Confederações e do Mundo, perdendo a oportunidade de dar um salto grande e qualitativo no desenvolvimento de Salvador.

Acabaram com o serviço de praia e nem se fala mais nisto! Mas o Pelourinho não será destruído pela ganância irresponsável de poder e dinheiro, pois os comerciantes se uniram para protegê-lo. Por isto é importante a participação de toda a sociedade baiana, da OAB, de estudiosos, das faculdades, dos artistas e da imprensa que cobra a liberdade de expressão, mas não dá a mesma liberdade a todos que querem se expressar. O Pelourinho, Salvador, o povo baiano, e sua história, merecem respeito!

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