O programa Capitães da Areia, da Prefeitura de Salvador, tem como objetivo promover a autoestima de crianças e adolescentes em situação de rua no Centro Histórico, de modo que eles se reconheçam e se identifiquem enquanto cidadãos soteropolitanos. Uma equipe formada por psicólogos, psiquiatras assistentes sociais, psicopedagogos e enfermeiros da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) percorre as ruas do Pelourinho, nos turnos matutino e vespertino, para proporcionar atendimento clínico psicoterapêutico no próprio contexto sociocultural do público-alvo.
"Em face à problemática das crianças e adolescentes do centro histórico, buscamos desenvolver um trabalho em que pudéssemos nos aproximar, para em seguida possibilitar um processo de intervenção", pontua a supervisora do projeto, a psiquiatra Ana Pitta. Atualmente, a equipe acompanha 25 crianças e adolescentes, na faixa etária dos nove aos 17 anos, em sua maioria usuários de substâncias psicoativas.
O trabalho consiste em um acompanhamento terapêutico rotineiro, com base nos parâmetros dos processos clínicos tradicionais. "São trabalhados aspectos da subjetividade, a partir da disposição das crianças", atesta Pitta. "Não forçamos o relacionamento nem a interatividade para não assustá-los. Deixamos eles livres e vamos paulatinamente oferecendo um tratamento", complementa.
Para atrair os garotos, o grupo utiliza atividades lúdicas, como oficinas de leituras, de pintura e de música, realizadas ao ar livre. "Também oferecemos lanches nessas atividades, é uma forma de chamar a atenção e de competir com os turistas e transeuntes que lhes dão dinheiro e alimentos", enfatiza a enfermeira Ednalva Maia. Além do trabalho corrente, a equipe busca parcerias com outras instituições para ampliar o atendimento. "Já estamos em contato com a 3ª Ordem do São Francisco, que irá doar o espaço para a realização de oficinas", destaca Pitta.
Uma visão moderna dos tratamentos psiquiátricos está norteando a implantação do novo modelo de atendimento de beneficiários do Planserv, que enxerga o transtorno mental como um problema psicossocial, e não apenas médico. O programa está sendo desenvolvido pela Coordenação Médica do Planserv e os pacotes que estão sendo propostos preveem uma ação sobre o paciente e sua família, utilizando como principais ferramentas a terapia ocupacional e a psicoterapia.
O primeiro mês da implantação do programa coincide com a comemoração do Dia Mundial da Saúde Mental, neste sábado. A data celebra os avanços nas chamadas reformas psiquiátricas, que se deram a partir das décadas de 70 na assistência à saúde do portador de transtornos mentais em todo do mundo.
Hoje o Planserv conta apenas com o Sanatório São Paulo para o atendimento aos pacientes, mas a meta é aprimorar o modelo para lançar edital nos próximos meses para o credenciamento de outros prestadores utilizando o novo modelo.
Publicada: 10/10/2009|Atualizada: 10/10/2009
Publicado na Tribuna da Bahia
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